segunda-feira, 8 de junho de 2015

A todas as mães

"Querida Mãe:

Eu já te vi por aí.
Eu vi-te a gritar com os teus filhos em público, (...) vi-te a levá-los à escola antes de teres tomado banho, e de calças de pijama por baixo do casaco.
(...)
Eu vi-te a gritar feita louca com o teu marido, com a tua mãe, e com o agente de polícia no cruzamento da escola.
Eu já te vi a correr com os miúdos de um lado para o outro, a sujares-te no parque e a praguejares em voz alta depois de bateres com o joelho na esquina da cadeira.
Eu vi-te a partilhares um leite achocolatado com um maníaco de 4 anos. Vi-te a limpar o nariz dos teus filhos com os dedos e a limpa-los na parte de trás das calças de ganga. Vi-te a correr com o teu bebé de 2 anos pendurado na dobra do teu braço, para apanhares a bola que está a fugir para a estrada.
(...)
Eu vi-te a fechar os olhos e a respirar fundo depois de entornarem um copo de leite inteiro em cima. Vi-te a chorar desesperada enquanto tentavas tirar lápis de cera da tua melhor mala.
Eu já te vi na sala de espera do hospital. Eu vi-te no balcão da farmácia. Vi-te com o teu olhar cansado e assustado.
Eu não sei se tinhas planeado ser mãe ou não.
Se soubeste desde sempre que querias pôr crianças neste mundo, cuidar deles, ou se a maternidade te apareceu de surpresa.
Não sei se correspondeu às tuas expectativas, ou se passaste os primeiros tempos como mãe aterrorizada porque tinhas imaginado que sentirias o “amor materno” doutra forma.
Não sei se tiveste dificuldade em engravidar, se perdeste algum bebé, ou se tiveste algum parto traumático.
Nem sequer sei, se concebeste o teu filho no teu ventre, ou se o acolheste na tua família.
Mas eu conheço-te.
Eu sei que não alcançaste tudo o que querias na vida. Sei que há coisas que nunca soubeste que querias até teres filhos.
Eu sei que, às vezes, pensas que não estás a dar o teu máximo e que podias fazer melhor.
Eu sei que olhas para os teus filhos e te revês neles.
Eu sei que às vezes apetece-te atirar um candeeiro ao teu filho adolescente, e atirar o de 3 anos pela janela.
Eu sei que há noites que, depois de deitar os miúdos, estás tão exausta que só te apetece enrolares-te na cama a chorar.
Eu sei que há dias tão difíceis que só queres que acabem depressa. Depois, na hora de ir para a cama os teus filhos abraçam-te e enchem-te de beijinhos, e dizem o quanto gostam de ti, e de repente querias que o dia durasse para sempre.
(...)
Eu sei que fazes guerras de cocegas em castelos de lençóis, e que sabes de cor as histórias de, pelo menos, 8 livros ilustrados. Eu sei que danças de forma ridícula quando vocês estão sozinhos. E que inventam canções parvas sobre queijo, maus cheiros, ou ervilhas.
(...)
Eu sei o que custou tratares dos teus filhos quando tiveste aquela virose de 4 dias. Sei que comes os restos dos pratos deles, enquanto arrumas a cozinha.
Eu sei que não contavas com muitas destas coisas. Sei que não antecipaste amar alguém tão intensamente, ou andar tão cansada, ou ser a mãe em que te vieste a tornar.
Pensavas que tinhas tudo planeado. Ou então, estavas perdida e aterrorizada. Ias contratar a Nanny perfeita. Ou ias deixar de trabalhar e aprender tudo sobre crianças.
Sei que não és a mãe perfeita. Por mais que tentes, e por mais que te esforces. Tu nunca serás a mãe perfeita.
E isso, provavelmente, vai perseguir-te. Ou se calhar fizeste as pazes com isso. Ou talvez nem nunca tenha sido um problema.
Eu sei que acreditas que independentemente do que fizeres, poderias ter feito sempre mais.
A realidade é outra.
Não interessa o pouco que fizeste, no fim do dia os teus filhos vão sempre amar-te. Vão continuar a rir para ti, e acreditar que tens poderes mágicos que podes curar quaisquer coisas.
Independentemente do que acontecer no trabalho, na escola, ou num grupo de amigos, tu fazes, sempre, tudo o que está e não está ao teu alcance para garantir que no dia a seguir os teus filhos estarão tão felizes,saudáveis e espertos quanto é possível.
Há um velho ditado iídiche que diz: “Há um filho perfeito no mundo, e todas as mães o têm.”
Feliz ou infelizmente, não há pais perfeitos. Os teus filhos vão crescer determinados a ser diferentes de ti. Vão crescer com a certeza de que não vão pôr os seus filhos nas aulas de piano, de que vão ser mais brandos, ou mais rigorosos, ou ter mais filhos, ou ter menos, ou não ter nenhum.
Um dia os teus filhos vão estar a correr como loucos na igreja, a portar-se pessimamente no restaurante a fazer caretas para o lado, e alguém vai passar e elogiar a tua família.
Uma certeza podes ter: não és perfeita!
E isso é bom. Porque na realidade, nem os teus filhos são perfeitos. E ninguém no mundo se preocupa mais com eles do que tu, ninguém sabe porque é que eles estão a chorar senão tu, ninguém percebe as piadas deles melhor do que tu.
E já que ninguém é perfeito, tens de desempatar com 2 biliões de pessoas que estão em primeiro lugar “ex aequo” para concorrer à melhor mãe do mundo.
Parabéns melhor Mãe do Mundo. Tu não és perfeita. És mais que perfeita:
És tão boa mãe como o resto do mundo."


autoria desconhecida

1 comentário:

  1. Que lindo :') eu não sou mãe mas consegui rever a minha neste texto :D

    ResponderEliminar

Opiniões extremamente brilhantes e fantásticas